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17 de julho de 2012

‎17 de julho de 2012, 45 anos da morte de John Coltrane

Coltrane, o coração de Jesus em forma de saxofone


Por Leonardo Alcântara - twitter: @jazzmanbrasil

17 de julho de 2012, 45 anos da morte de John Coltrane.

Eu sempre defendi que a morte de Coltrane foi de fato uma interferência divina. Se Coltrane continuasse vivo muito tempo depois do lançamento 'A Love Supreme', certamente ele seria capaz de mover o cosmo. Poucos foram os artistas que exploraram com tanta autoridade uma ampla gama de camadas sonoras, que, ao meu ver, são capazes de mudar o curso da vida e promover milagres. Certamente é milagre dentro de mim, que me leva a uma perspectiva de paz e amor por intermédio da música. Ouvir Coltrane é quase que se aproximar de Deus e ficar imerso entre a vida e a morte, entre o acaso e a razão.

O Jazz salvou a minha vida e ainda me salva de tamanha depressão e obstáculos diários em busca de um mundo melhor para mim e meus semelhantes. Sem dúvida, nesta batalha do dia-a-dia, Coltrane é o meu pastor e nada me faltará. O seu corpo se foi, mas a sua mensagem ficou para nos trazer esperança e lembrarmos que dentro de nós há um amor supremo.

Coltrane foi o coração de Jesus em forma de saxofone.




Jazz for Lovers
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2 comentários/comente ...:

LPG disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
LPG disse...

JazzMan!', posso dizer sem correr risco algum que você é um admirador genuíno do Coltrane, pois expressou perfeitamente a quintessência da musica do John-Will' ; mesmo eu, um jovem ateu (um bêbado cantooor, poeeeta! [rs]) posso notar na figura e na musicalidade singular do Coltrane (suas composições e execuções) um toque de misticismo messiânico. Há, em todos os aspectos do Coltrane, um gigantismo másculo (a força), uma capacidade de controle do que existe ao seu redor (chaveado pelo saxofone, claro, mas se expandindo a todas as suas relações sociais) que nos remete a imagem de um deus (a qual [julgo que] nós temos arraigada em nosso subconsciente, sem importar qual seja a religião que praticamos).


Interessante notar como, durante toda a sua curta passagem, o Coltrane só se relacionou de modo íntimo com pessoas profundamente místicas (sejam essas relações obrigatórias [familiares, pai, mãe] ou eletivas [a segunda esposa Alice, que não à toa tinha o mesmo nome de sua mãe, o Pharoah Sanders, o Archie Shepp]); a convivência com tais pessoas, bem como a transição entre religiões tão diversas (cristianismo X hinduismo) a mim sinalizam um indivíduo detentor de uma sede insaciável pela transcendência, por alcançar novos patamares, novas descobertas (características que, evidentemente, também se aplicam à sua música). Ainda nesse contexto, mas sem comparações polêmicas, deve-se incluir também o uso da heroína, talvez como um descaminho do mesmo propósito. Sua voz grave, seu semblante grave (tenho uma única imagem do Coltrane que destoa {mas não muito} dessa imagem - uma foto dele se alistando à Marinha americana), suas experiências e suas opiniões sobre determinados assuntos podem até nos auxiliar a entender este 'mystic side of Coltrane', mas sempre haverá alguma coisa em sua música que só ele compreendeu, o alcance de um limiar da consciência que ele explorou e pôde nos levar até lá, ainda que, não os detendo e [portanto] sem ter como nele persistir, nós só podemos adimirar sua expressão magnífica. A mim, o Coltrane sempre surgiu com uma imagem paterna [confissões de divã, ainda que eu não referencie meu pensamento à ele deste modo, está claro]; mas hoje, lendo o seu post, desconfio que possamos estar sintonizando o John na mesma frequência...


Viva Coltrane! OLÉ!


PS - Durante a leitura deste post recomenda-se ouvir:

01 - 'A Love Supreme Part. 1 - Acknowledgement' [ALBUM: "A Love Supreme" (1964)] (o qual julgo ser o "mote místico" principal de sua obra);

02 - 'Alabama' [ALBUM "Coltrane Live At Birdland" (1963)] (a bem sucedida tentativa de apreender as almas daquelas quatro crianças mortas em um atentado de crueldade inefável promovido pela Ku-Klux-Klan e, para mim, a música que melhor define a natureza de sua obra).

Como última colocação, gostaria de associar dois grandes homens que, devidamente mencionada todas as suas diferenças, tinham uma capacidade rara de fazer com que o mundo se curvasse à sua arte, bem como às suas personalidades, cada um deles revolucionando seu tempo e tendo uma geração toda como seus discípulos: estes homens são John Coltrane e Tom Jobim.

 
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