Por Leonardo Alcântara (JazzMan!)
Falar de morte nunca foi muito fácil para a maioria das pessoas, sobretudo quando perdemos pessoas tão queridas que, muitas vezes, fugimos da razão humana e desejamos que elas vivam para sempre. Inúmeros são aqueles 'imortais' que não saem de nossos corações. Posso citar alguns: Eric Hobsbawm, Oscar Peterson, Federico Fellini, Tom Jobim e muitos outros que se foram mas que deixaram um legado para toda a nossa vida. Hoje, mais um ser humano especial entra para a nossa lista de 'imortais': morreu, aos 91 anos, o pianista de jazz Dave Brubeck.
Brubeck estava além do piano, além do jazz e além de um clássico americano. Era uma lenda, uma escola e, acima de tudo, uma enciclopédia à parte na história da música.
Não é fácil falar o tamanho da ausência de Brubeck. Para nós admiradores, se foi a síntese da palavra jazz e uma das maiores referências quando buscamos qualidade musical. Suas mãos mágicas que transcenderam o amor em forma de melodia a partir de um piano, influenciaram gerações e dificilmente se apagarão das mentes dos amantes da boa música. Não há morte que supere o talento e o sentimento de um ser humano.
Se foi o corpo, se foram os dedos mágicos, mas o nome Dave Brubeck e o amor permanecem. Escrevo este texto convencido de que cabe a nós preservarmos e agradecermos pelas preciosidades que Brubeck nos deixou: o 'Time Out'; o sax de Paul Desmond; 'Strange Meadow Lark', uma das melodias mais lindas que eu já ouvi; o baixo de Eugene Wright; o compasso leve no piano contrastando com o forte sax barítono de Gerry Mulligan e outras coisas mais que ficarão para a eternidade.
A partir de hoje, mais do que nunca, a música de Dave Brubeck será uma herança musical para as próximas gerações. Se um dia faltar amor, se um dia faltar melodia, sem um dia faltar sentimento, Brubeck será o caminho para a transformação a partir da música. Mas se não faltar nada disso, se o mundo no futuro for o que idealizamos hoje, espero que agradeçam e nunca se esqueçam daquele que tanto fez seus antepassados sonharem.
Dave Brubeck mostrou para o mundo que o jazz, acima de qualquer suspeita, pode mudar a vida de alguém. Sem dúvida nenhuma, ele mudou a minha.
Obrigado por tudo, Dave!
1 comentários/comente ...:
Grande mestre do jazz!
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