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10 de novembro de 2015

Baterista Alfredo Dias lança CD com releituras de grandes clássicos da Jazz-Fusion

Novo CD de Afredo Dias traz releituras de Red Baron (Billy Cobham),
Birdland (Weather Report), Spain (Chick Corea) e muito mais...



Rosana Freire 
(baterista)
Matérias no blog
contato.rosanafreire@gmail.com



As músicas escolhidas pelo baterista tem uma diversidade interessante e envolvente, incluindo músicas explosivas, como Birdfingers, em seu eterno sobe-e-desce de montanha russa melódica; a nostálgica A Remark You Made, cuja gravação foi dedicada à sua mãe, a escritora Janete Clair; algumas mais dançantes, com uma boa pegada de funk e soul, como Silly Putty, Some Skunk Funk e a sexy Red Baron; a alegre e otimista Birdland; até Milestones, com um clássico bebop, walking bass e solos de piano e saxofone.

http://www.alfredodiasgomes.com.br/

Neste passeio entre euforia, suingue e intimismo, a bateria de Alfredo Dias soa sempre nítida e precisa, marcando com muita clareza a evolução de cada música, por mais mutante que ela possa soar. Até mesmo quem não tem o hábito de ouvir jazz ou música instrumental não se sentirá perdido em um labirinto sonoro. Em músicas de grande variação harmônica e rítmica, como Spain, que originalmente mistura a sonoridade espanhola com temas que remetem à bossa nova, sua marcação proporciona uma sensação de lógica aos nossos ouvidos.

O baterista Alfredo Dias

É um grande baterista, conhecido e reconhecido. Explora as dinâmicas de caixa, como se pode ouvir logo na primeira faixa, Birdfingers, num belo solo. Conduz o ouvinte em cada transição, trazendo um novo sentido para cada interpretação, através de suas preparações e viradas. Seus destaques nos pratos dão ênfase ao fraseado melódico e também oferecem uma base intensa de preenchimento para os outros instrumentos. O álbum termina com uma bela interpretação de 500 Miles High, coroando sua obra com uma atmosfera noturna, calma, mais suave do que a versão original. Uma notável sonoridade de samba oferece base para um contrabaixo expressivo e os solos de saxofone e piano.

É sem dúvida um disco imperdível. Agradará aos que já conhecem cada faixa em sua versão original, por oferecer releituras muito atraentes, e também aos que querem ampliar seu repertório de jazz-fusion através de uma bela seleção de clássicos. Indicamos também, é claro, para bateristas, estudantes iniciantes ou profissionais avançados, pois apresenta muito bem os sucessos que foram, e ainda são, grandes referências que nortearam grandes músicos da atualidade.

Não podemos deixar de comentar também a simbólica arte da capa do CD, que ilustra uma bateria montada sobre trilhos de trem dentro de uma estação, preenchida por engrenagens. O baterista posicionado atrás dela, vestido com as cores da imensidão do universo, segura sua "cabeça-relógio" com as mãos, que contém em seu centro um grande olho observador. Essa criativa imagem nos faz meditar sobre o tempo de nossas vidas, que a arte transcende. O cenário que nos cerca é cinza, metálico e rude, mas o nosso poder de criação é infinito. A figura também nos remete à abstração que a música nos traz, ao mesmo tempo que, enquanto músicos, muitas vezes nos transforma em máquinas, trabalhadores braçais que treinam técnicas, rudimentos e outras práticas disciplinadoras. As engrenagens dentro da bateria podem representar o tempo, bem como a eterna metáfora da estação, como já cantava Milton Nascimento a respeito da transitoriedade da vida; mas também podem nos falar sobre a união entre o músico e seu instrumento, quando se tornam uma coisa só, um único ser. Um ser que observa e absorve suas referências atentamente, apesar do relógio, e que olha para trás enquanto cria algo novo. JM!
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